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#pracegove – silhueta de um rosto e duas mãos escuras em primeiro plano, expressão de pavor. Foto: Reprodução |
Por causa do isolamento social que estamos vivendo, três semanas
atrás, minha fisioterapeuta e professora de pilates, Cleide Alves, mandou-me um
recado que me chamaria por vídeo no celular para fazermos exercícios. No
momento fiquei um pouco tenso em pensar como eu poderia controlar, apoiar o
celular, conversar e fazer as atividades ao mesmo tempo. Pela minha paralisia
cerebral, não consigo fazer duas atividades simultâneas. Além do que, com bom
humor, sou homem e as mulheres dizem que nossa cabeça só processa uma coisa por
vez.
Encarei os exercícios e correu tudo descontraidamente. E nas próximas
chamadas, encontrei o local e posição certa para deixar o celular e estou cada
vez melhor e empolgado nos exercícios. O que, por uma questão de consciência corporal, tenho que me policiar muito mais para fazer tudo corretamente.
O ser humano é assim. Sempre trememos em menos ou mais
intensidade, o novo. Tememos e resistimos, mesmo que seja inconsciente, sair da
zona de conforto. Por vezes, postergamos muitas coisas.
Outro exemplo que às vezes nós mesmos nos autolimitamos, eu
tinha um celular comum e temia mudar para um mais moderno e não conseguir usar
por ser touch. No meu aniversário em 2018, ganhei um smartphone da minha mãe e
irmã para tentar. Em poucas horas eu já estava fazendo tudo nele, até digitando
textos. O celular hoje é meu computador
de mão e é justamente por meio dele que estou fazendo as aulas de pilates. O melhor caminho para vencer nossos medos é enfrentá-los!
Mais que enfrentar nossos medos, é ter consciência de si
mesmo. Diante das dificuldades, nunca deixo de pedir ajuda quando necessito.
Conheço muitas pessoas com deficiência que por orgulho, ou até mesmo para se
auto afirmarem, não aceitam ajuda, chegando até mesmo serem ásperas. Mas eu não,
nunca tive problema com isso. Às vezes nem estou realmente precisando de ajuda,
mas a pessoa se oferece com tanto carinho e boa intensão de ajudar, que aceito
num sorriso.
Gosto de fazer “pirraça” para os meus pensamentos
limitantes... Sempre que eles dizem que não sou capaz de fazer algo, vou lá e
faço, mesmo que não seja exatamente como as demais pessoas, mas faço do meu
jeito.
Não quero parecer melhor que ninguém, mesmo porque eu não
sou. Mas perante os desafios que a vida sempre me impôs, aprendi que diante de
qualquer limitação que aparece por causa da minha deficiência, a não exclamar que
“não vou conseguir”, mas a dizer “eu vou tentar”! E no velho jogo de
tentativas, erros e acertos, é que vamos nos autoconhecendo, ganhando confiança,
maturidade e eliminando nossos medos naturalmente como quem lança bolinhas de
papéis no cesto do lixo!
Até mais vê!
O pior é que a gente vai ficando velho é cria limitações só por não queremos sair da zona de conforto. Parabéns, meu amigão! Excelente crônica! Que consciência!
ResponderExcluirOi Emílio gostei muito dessa crônica, tive uma experiência parecida essa semana com a Cleide também, na minha primeira aula não posicionei direito a câmera do celular, mas vamos que vamos, na próxima aprenderei a posicionar melhor. Tenho 55 e ainda aprendo muitas coisas novas.
ResponderExcluirA pandemia veio nos mostrar que não somos nada e que devemos viver um dia de cada vez e a cada dia enfrentar os nossos medos.
ResponderExcluirSou uma pessoa de muitos medos tenho medo de rato, bichos com pelos(quase todos). Medo de não dar conta, medo de ficar rotulada, medo de perder entes queridos. Todos meus medos estão de quarentena, mas acho que não estou conseguindo lidar com este confinamento. Estou paralisada, depois de dias, estou conseguindo falar o que estou sentindo de verdade pela primeira vez. Vera Aragão
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Emílio Figueira