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#paracegove Recorte pequeno de corpos de três idosos sentados. Uma senhora repousa a mão no punho de um senhor que segura uma bolinha de tênis amarela. Foto: Reprodução |
Hoje lembrei-me de uma pessoa que conheci que não aceitava
as consequências de sua idade já avançada. E vivia dizendo: “Antigamente eu não
era assim...” E como essa pessoa, há muitas.
Nas últimas décadas, a população brasileira e mundial estar
envelhecendo. Fato reconhecido não só pelos especialistas de demografia, mas
por todos. Como consequência desse fenômeno, é grande o número de pessoas que
passaram a experimentar limitações funcionais, em função do envelhecimento.
Ainda que a chegada na terceira idade não signifique
necessariamente perda da qualidade de vida, é inconteste que muitos idosos, no
Brasil, estão longe de viver um processo de envelhecimento ativo e saudável.
Isto ocorre em função do estilo de vida precário a que foram submetidos na
infância, juventude e idade adulta.
Mas as coisas mudam. Digo isso porque completei 50 anos de
idade. Algumas particularidades começam a surgir. Claro que, como qualquer pessoa, eu não tenho
mais a vitalidade dos anos anteriores. Ao mesmo tempo, estou participando de um
momento histórico.
Até uma geração antes da minha, pessoas com deficiência
morriam jovens pela falta de conhecimento, pesquisas, uma medicina não avançada,
medicamentos adequados, melhores condições de recursos e humanos, tecnologias
reabilitacionais, dentre outros fatores. Avançamos muito, embora temos muito
que avançar. Isso faz toda a diferença.
Consequência de uma vida mais participativa, prazerosa, com
mais sentido e, finalmente, com melhor qualidade. Em um de seus artigos a minha
amiga e jornalista Lia Crespo, pioneira do Movimento Político das Pessoas Com
Deficiência no Brasil escreveu: “Nós somos a primeira geração de deficientes no
país que vamos enterrar os nossos pais!”
Todo esse movimento de Inclusão é muito válido, mas tem um
ponto que pouca gente se atenta. Ele só foca em crianças, jovens em idades
escolar e pessoas com deficiência ingressando no mercado de trabalho. Não
existe quase nada no Brasil sobre o nosso envelhecimento.
Dentro do próprio movimento reivindicatório das pessoas com
deficiência é cada vez maior o reconhecimento de semelhança na experiência de
envelhecer para pessoas com e sem deficiência e, entre as suas necessidades de
suporte para uma vida independente. Ambientes acessíveis, disponibilização de
cuidadores, de ajudas técnicas e outros serviços de apoio ao cotidiano são
necessidades compartilhadas por pessoas idosas e por pessoas com deficiência.
O fato é que estou envelhecendo em um país que desconhece a
minha deficiência. A saída foi eu procurar minhas próprias alternativas,
aceitando-me positivamente. Adaptando-me ao o que meu corpo vai ditando.
E quanto àqueles que dizem “Antigamente eu não era
assim...”, é uma pena eles enxergarem o quanto a idade e o amadurecimento
agregam em nossas vidas. Envelhecer é uma arte para os bem-resolvidos!
Até mais vê!
Até mais vê!
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Emílio Figueira