NOSSAS ENGENHARIAS INVERSAS – Por Emílio Figueira / MiniCrônica - 01

#pracegove ao fundo uma cortina branca, mesa de formica com seis antigas duchas coronas de cores diferentes: azul claro, vermelho, laranja, amarelo, roxo e azul escuro. Foto: Reprodução

Assim que começou essa onda de coronavírus no Brasil, explodiu-se o número de memes, áudios e vídeos sobre o assunto. Alguns são tão inteligentes que me deixam feliz por notar como o brasileiro é altamente criativo. Além que, pelo bom humor, quebramos essa tensão atual.

Dentre esses memes, recebi um com a foto das antigas duchas coronas, o que mexeu muito com minha memória afetiva. Lembrei-me que quando era pequeno e morava com meus avós em uma chácara no interior paulista, amava quando essas coronas queimavam, meu avô trocava e me dava a velha para brincar. Eu ia tentando desmontá-la, ao mesmo tempo que desafiava a minha coordenação motora por causa de minha paralisia cerebral. E muitas vezes “usava“ meus amigos para compensar minhas dificuldades físicas. 

Várias partes delas eram de enroscar. Os parafusos meu avô afrouxava e depois eu ficava tentando lidar com a chave de fenda. As coronas eram desmontadas e montadas várias vezes. O mesmo eu fazia com rádios velhos, eletrodomésticos que não prestavam mais e tantas outras coisas.
Sem ter a mínima noção, eu praticava os princípios da Engenharia Reversa. Processo de descobrir os princípios tecnológicos e o funcionamento de um dispositivo, objeto ou sistema, analisando sua estrutura, função e operação, desmontando uma máquina para descobrir como ela funciona.

Hoje, como psicólogo e psicanalista, penso que deveríamos ter o hábito de fazer a Engenharia Inversa de nós mesmos. Tirar um tempo, nos auto desmontarmos pelas nossas memórias. Ressignificar o que não foi bom, minimizar dores e perdas do passado, compreendendo que o lugar que eles ocorreram foi no passado e deixar que as fiquem lá.

Ao mesmo tempo, buscar nossos pontos positivos e alegres e trazê-lo de volta ao presente para alimentar a nossa alma e dia a dia. E, entre pontos positivos e negativos, como na vida de qualquer pessoa, teremos consciência de como vemos sendo nos construindo em nossas existências.
Eu mantenho essa prática. E vocês não imaginam o tanto de Emílios que redescubro!

Até mais ver!

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Um abração!
Emílio Figueira

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